Arte do Improviso

CopyLetter – Edição #008

Improvisando na escrita enquanto bebia em Londres

Leia a CopyLetter #008 ouvindo:
Jaco Pastorius: "Kuru/Speak Like A Child"

Arte do improviso.

A arte de fazer algo original a partir do "nada".

O que diferencia nós, humanos, da inteligência artificial.

A arte de ser imperfeito, mas incrivelmente criativo, espontâneo e apaixonante.

A edição de hoje foi totalmente influenciada por um vídeo recente do canal que mostra o Chad Smith (baterista do Red Hot Chili Peppers) tocando pela primeira vez uma música desconhecida por ele: “The Kill” - 30 Seconds To Mars.

É impressionante o QUE ele faz e COMO ele faz cada improvisação.

Mesmo que você nunca tenha sentado em uma bateria em sua vida, você será capaz de SENTIR a paixão que ele toca e cria sua própria linha de batera em cima da trilha.

Concedo a você 8 minutos de pausa dessa leitura, vai lá assistir e volte aqui.

A nossa conversa aqui será muito mais profunda depois disso.
Vai lá, my friend, deguste:

Voltou, né?!

Não me diga que fiquei aqui sozinho, com uma taça de vinho, enquanto você se perdeu entre outros vídeos do YouTube.

Okay, eu sabia desse risco e quebrei uma das regras de escrita, direcionei você para outro lugar, fora do meu texto. E tudo bem. Improviso a partir daqui.

Vou supor que você tenha se perdido por lá, mas depois de 30 minutos voltou aqui para o texto, pois lembrou que tinha um loop em aberto.

Qual foi a primeira coisa que surgiu na sua mente ao ver o vídeo do Chad Smith?

É impressionante, não é?!

Quando vemos algo monstruoso assim, a primeira coisa que as pessoas pensam é que o autor do improviso tem um "dom mágico".

Tem, sim, a magia, mas não apenas isso.

Red Hot Chili Peppers tem em seu DNA a arte de compor improvisando em grupo, cada membro puxa um groove e os demais vão acompanhando e somando.

E o que acontece?

Acontece que o Chad está no RHCP desde 1988.
Ou seja, ele improvisa há 35 anos, no mínimo, se tratando apenas da entrada dele na banda para cá. Fora o tempo anterior disso, quando ainda era um músico desconhecido do grande público.

Muitas horas de estudo teorico e prático foram necessários para ele se soltar assim ao vivo e improvisar.

E isso acontece em todas as áreas, mas, principalmente, em setores que a criatividade é a matéria-prima.

Um copywriter só chega a um alto nível, após estudar os conceitos, ler muitas campanhas e, claro, escrever MUITO. Depois disso, o improviso surge.

Afinal, você sabe onde está pisando, sabe para onde tem que ir, vai improvisar no meio do caminho – mas não vai se perder!

Escrever ou tocar no improviso exige de você muitas horas de trabalho pesado.

Se você pegar os shows do RHCP, você verá que o guitarrista John Frusciante improvisa em TODOS os solos. Ele nunca toca o solo do mesmo modo que está no disco.

Ele é um gênio? Sim… (haha)
Mas não podemos deixar de mencionar que aos 17 anos, ele já tocava todas as músicas do Jimi Hendrix.

Frusciante estudou MUITO para chegar no nível técnico atual e ter a liberdade que tem para improvisar em frente a multidão.

Agora, trazendo para sua rotina…

Quais são as coisas que você faz SEM PENSAR no dia a dia?

Aquelas coisas que outras pessoas precisam quebrar a cabeça para fazer, mas para você é muito natural…

Pode ser algo no seu trabalho…

Pode ser algo na sua casa…

Tenho certeza que você tem um “dom mágico” em alguma área.

Se eu viro para você e falo que, simplesmente, você tem um dom… Eu acabo desrespeitando parte do seu trabalho duro ao longo dos anos.

Falando em ritmo e improviso, gosto muito do escritor Jack Kerouac, autor de “On The Road".

Ele escreveu este clássico em poucas semanas, mas para isso acontecer, ele passou 7 anos viajando, coletando informações e tendo as experiências mais malucas possíveis.

Quando ele foi escrever o livro, acabou sendo simples o improviso de soltar a mão no texto, bem do jeito dele, sem pontuações “corretas", apenas escrevendo do seu modo, em ritmo de jazz.

Neste vídeo abaixo, você pode ver ele contando um pouco da história do livro, além de ler trechos de “On The Road” enquanto o apresentador Steve Allen improvisa no piano. É impressionante o ritmo e a improvisação, mas no final tudo casa perfeitamente.

A edição de hoje foi totalmente improvisada, baseada em um vídeo que assisti hoje cedo e que mexeu muito comigo. Eu precisava colocar isso para fora.

Depois disso, fui ligando os fatos e informações “esquecidas” sobre este tema na minha mente. Logo, lembrei deste vídeo do Keuroac.

Além disso, escolhi a dedo a trilha sonora: Jaco Pastorius, a lenda do contrabaixo elétrico.

Não tem como NÃO lembrar dele, quando se fala de improviso.
Recomendo que procure pelos seus vídeos no YouTube.

A pergunta que te faço neste final é:

O que você gostaria que fosse tão natural, tão simples, que você poderia improvisar sem medo de julgamentos e com total paixão?

Falo de uma alegria, uma paixão parecida com a do Chad Smith no vídeo.

Quando tiver essa resposta, anote em um papel (escrevendo a mão você terá mais intenção)…

Após anotar no papel, faça uma engenharia-reversa, destrinchando cada etapa que você precisa executar para chegar neste nível.

No caso de um copywriter que deseja escrever de forma natural Headlines que chamam atenção do leitor e seduza ele para a próxima linha, ele vai precisar ler muito, buscar referências e escrever pra caralh#.

Não é escrever 5 headlines por dia.
É escrever 50 headlines por dia (ou mais).
E o principal: jogar isso na rua para testar.

Depois, quando precisar escrever uma headline, vai sair tudo natural e “mágico".

Faça este exercício e me conta lá no @imlucasantonio qual é o seu objetivo e qual será o seu plano de ação, para dominar a arte da improvisação na sua área.

Fique de olho 👁

A edição #009 da CopyLetter vai sair na próxima quinta-feira à noite – fuso de Brasília.

Por dentro da minha mente 🧠

  • 📖 Livro de hoje: On The Road - Jack Keuroac

    O ritmo da escrita espontânea de Kerouac é incrivelmente envolvente. Você pode sentir a urgência, a paixão e a energia pulsante de cada linha escrita. Este livro não apenas influenciou escritores e artistas ao longo dos anos, mas também cravou seu lugar na cultura popular.

    Sua mensagem de liberdade, quebrando regras e explorando o desconhecido ainda ressoa na alma de quem lê o livro até hoje.

  • 🎧 O que estou ouvindo: Silverchair - “Frogstomp”

    Este álbum foi uma das estreias mais bem-sucedidas na história da música australiana e lançou o Silverchair para a fama mundial.

    A banda explodiu na cena musical dos anos 90. E detalhe: os integrantes tinham apenas 15 anos. É impressionante a qualidade e o bom gosto dos timbres e camadas deste disco.

  • 📺 O que estou assistindo: Documentário do Beckham (Netflix)

    David Beckham se tornou um craque dentro de campo e um astro global fora dele. O que mais me impressionou foi o início da sua carreira e o quanto ele se dedicava aos processos, além do amor ao futebol e ao Manchester United (muito influenciado pelo seu pai).

    Uma parte engraçada é que tocou uma música do Oasis enquanto mostravam imagens do Beckham com a camisa do M.United. Caso você não saiba, os irmãos Gallagher são torcedores fanáticos do OUTRO time da cidade… O Manchester City. Recomendo que reserve uma noite para maratonar, são apenas 4 episódios. Clique aqui para ver o trailer.

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