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A Síndrome do Perfeccionismo Tóxico
CopyLetter – Edição #001
"Perfeccionismo raramente gera perfeição ou satisfação – apenas decepção"
É com essa frase do Ryan Holiday que inicio as primeiras linhas da primeira edição da news CopyLetter.
Primeiramente, sinta-se abraçado, estou aqui para dividir com você algumas coisas que eu gostaria de ter aprendido há alguns anos.
Espero que, de alguma maneira, as minhas palavras possam te ajudar a tomar um rumo melhor em sua vida profissional (ou até mesmo pessoal).
⚠️ Observação importante:
Não estou aqui para ser o seu guru. Tampouco sou o senhor da razão. Quero que me trate como um bom amigo de bar.
Por isso, fica o meu convite:
Abra sua cerveja, seu vinho ou até mesmo sirva-se um café, pois o "copo vazio é a oficina do diabo". (Sim, inventei essa desculpa para um trago).
Introdução feita, vamos ao tema de hoje: A Síndrome do Perfeccionismo Tóxico.
Nos últimos dias vim refletindo sobre como alguns pequenos passos, ainda que imperfeitos, me levaram a algumas realizações pessoais e profissionais que nem mesmo em meus sonhos mais loucos eu achava que seria capaz de realizar.
E claro, também relembrei de situações das quais o perfeccionismo foi como um martelo que estava na minha mão, mas que acabou caindo no dedo mindinho do pé, tudo por conta de uma martelada a mais que não precisava.
Menos é mais, não é mesmo?
Gostaria de ter aplicado isso há cerca de 4 anos, quando estava tocando um projeto no nicho de idiomas.
Recebi a proposta de colocar em pé uma escola online de inglês, com professores britânicos, lecionando no período da manhã e da tarde, por uma mensalidade bem menor do que as escolas tradicionais do Brasil cobravam de seus alunos.
Pelo que me lembro era uma mensalidade em torno de R$270, com uma carga horária de 40h mensais.
Enquanto isso, as grandes franquias no Brasil cobravam cerca de R$400 a R$600 por mês, com carga horária de apenas 8h mensais (duas aulas por semana).
Ou seja, tínhamos em mãos um projeto com grandes diferenciais competitivos:
Professores britânicos certificados e experientes em lecionar para estudantes internacionais;
Carga horária cinco vezes maior, com aulas de segunda à sábado, em dois turnos;
Mensalidade mais baixa do que as escolas tradicionais e escolas online;
Voucher especial para o aluno fazer um futuro intercâmbio no Reino Unido ou Irlanda;
E o principal: já tínhamos uma lista pronta para enviar a oferta, com clientes altamente qualificados, que já tinham comprado produtos de R$10 mil no nicho de inglês.
Como você pode ver, eram excelentes diferenciais para criar uma oferta mágica e encantadora.
Confesso que fiquei alucinado com esta oportunidade.
Até porque o meu pagamento para colocar esse projeto de pé, seria uma porrada: 50% do lucro da escola.
Obviamente, coloquei todas as informações do projeto em planilhas, mapas mentais, fiz consultorias com alguns players do mercado, seria um negócio milionário em pouco tempo.(Foi o que eu ouvi em uma das consultorias).
Não sei se foi aí o início da derrocada, mas por conta do peso de um negócio com potencial milionário, acabei virando algumas noites rascunhando e planejando o projeto.
Você leu direito a frase acima?
"...acabei virando algumas noites rascunhando e planejando o projeto".
Meu foco estava completamente distorcido.
Tratando-se de marketing, eu estava tocando tudo, de ponta a ponta. Desde coisas banais como compra de domínios e configuração de checkout, por exemplo.
Para você ter ideia das armadilhas da minha mente e a lentidão para colocar no ar este projeto, a página de vendas demorou 3 meses para ficar pronta, porque ela não estava "perfeita" para o lançamento – de acordo com o meu achismo.
O vídeo de vendas? Nunca foi pro ar.
Olhando para tudo isso hoje, ainda sinto um frio na espinha e um gosto amargo de tinta Bic na garganta.
Esse projeto poderia ter sido grandioso, de fato.
Tínhamos uma lista quente, com uma solução desejada pela audiência, por uma mensalidade bem abaixo dos concorrentes.
O que deu errado?
Cada etapa do projeto demorou mais tempo do que o necessário. Tudo por preciosismo, imaturidade, ou como chamo: Síndrome do Perfeccionismo Tóxico.
A busca pela perfeição acabou me paralisando.
Foquei mais no irreal do que no mundo real.
A verdade é que planilhas e mapas mentais aceitam tudo.
E o pior: eles nunca gritam de volta.
Você pode contar qualquer história para si e ainda se convencer diariamente com essa doce ilusão, basta jogar na sua planilha e nos seus rascunhos.
Resumindo esta história:
Soltamos a campanha no ar(incompleta), pois tinha que sair, mas perdemos um timing precioso.
Alguns players do mercado começaram a entregar de bônus quase a mesma solução que a nossa.
E com uma grande diferença: eles tinham um caminhão de dinheiro para colocar em tráfego para adquirir novos clientes, além de uma grande estrutura.
Lembro-me que não passamos de 100 alunos, pois a ferramenta (terceirizada) acabou dando problemas.
Os alunos brasileiros não se adaptaram a já começar aprendendo do zero com professores em inglês e alunos de outras nacionalidades…
Enfim, em pouco tempo o projeto morreu.
Olhando para trás, fica muito óbvio que um MVP (produto mínimo viável) resolveria de forma bem simples.
Aliás, uma boa sequência de e-mails para essa lista quente, direcionando para um time comercial, já seria capaz de fazer um bom número de vendas.
E a cada semana, teríamos feedbacks dos alunos para ajustarmos a plataforma, o cronograma e o programa pedagógico.
Eu poderia ter tido um resultado muito diferente se tivesse seguido as três regras básicas do livro do Mark Ford: "Ready, Fire, Aim"…
Comece quando estiver pronto – entusiasmado com a ideia porque seu instinto lhe diz que funcionará.
Não perca tempo aperfeiçoando seu produto ou planejando cada contingência, pois você não pode saber o que funcionará até que sua ideia entre em ação.
Somente depois que a ideia tiver se provado de alguma forma (quando você tiver certeza de que funcionará) você deverá fazer ajustes para melhorá-la.
Infelizmente, ainda não conhecia este livro.
Após este frustrante capítulo em minha vida profissional, comecei a colocar tudo em prática da forma mais rápida possível.
Menos "perfeição" e mais ação.
E, com isso, acabei colhendo alguns resultados interessantes.
Como por exemplo, a minha entrada na Empiricus, há quase 3 anos.
Ao final do Copy Camp 3, abriu-se a oportunidade de que cada aluno enviasse um projeto para vender uma das assinaturas da casa.
Cheguei a pensar em não mandar, inclusive, pois não estava "perfeito".
E, antes do envio, tinha compartilhado a ideia do projeto com a minha Digníssima, ela falou que eu era maluco em escrever sobre o tema que propus.
Não estava perfeito, mas estava feito. Faltavam poucas horas para enviar o projeto. Enviei. Após o clique, senti um frio na barriga e mergulhei em um silêncio absoluto.
Algumas semanas depois, ao rodar meu Instagram, acabei vendo uma sequência de Stories do @betoaltenhofen anunciando os três vencedores do Copy Camp 3.
Ele começou falando o nome do terceiro lugar, em seguida do segundo lugar, até que...
Meu nome estava em primeiro da lista.
Foi um choque. A boca ficou seca. Coração disparou. A minha principal influência de copy e marketing tinha colocado meu nome em seus Stories.
Depois de alguns minutos, eu me toquei de uma coisa um pouco (muito) importante: o prêmio em dinheiro para o vencedor.
É... a sorte sorriu pra mim!
Tinha acabado de ganhar R$50 mil por vender M-A-C-O-N-H-@.
Calma! Estou falando do mercado regulado de Cannabis.
A tese estava quente na época, muitas ofertas gringas falavam sobre o assunto, mas aqui no Brasil pouca coisa tinha saído na mídia. Ou seja, era o timing ideal para falar sobre essa tese.
Abaixo, você pode conferir a headline do copy "cannabico"...
(Print retirado do meu One-Pager, escrito em 2020)
Eu mudaria muitas coisas hoje, mas, talvez, não surtisse tanto efeito e nem trouxesse o mesmo resultado.
Em vez do perfeccionismo, abracei a filosofia do pragmatismo.
O pragmatismo – oposto ao perfeccionismo – não tem nenhum dos seus problemas paralisantes.
Parafraseando o filósofo estóico Epicteto:
"Nunca seremos perfeitos – se é que tal coisa existe. Afinal, somos humanos. Nossas atividades devem ter como objetivo o progresso, por menor que seja possível fazermos."
Foi com o objetivo de ter um pequeno progresso que acabei colhendo grandes resultados para mim na época. Dinheiro no bolso e um convite para trabalhar na empresa.
Talvez, neste exato momento, você esteja paralisado com algum desafio. Você pode até pensar que não está preparado para o desafio que tem em mãos.
Acredite: você não está preparado mesmo. E está tudo bem.
Basta você ter a coragem para colocar em prática o mais rápido possível.
Lembro que quase surtei quando precisei escrever meu primeiro grande projeto no Grupo Empiricus, que era o lançamento do fundo "Vitreo Agro" – o primeiro fundo multimercado de agronegócio do Brasil.
A responsabilidade era enorme, mas fui pro jogo.
Fui de peito aberto para fazer o melhor que podia com o que eu tinha de conhecimento na época. Além de poder contar com o suporte de pessoas brilhantes no meu time.
Resultado?
R$60 milhões para o fundo, em menos de 7 dias.
(Fonte: Forbes)
Não tentei ser perfeito em nenhum dos CPLs ou no VSL, mas escrevi o melhor que podia, naquele instante.
No CPL 1, trouxe a grandiosidade do agro e como ele é o responsável por 1/4 do PIB do país.
No CPL 2, quis trazer como se comportavam esses ativos no mercado financeiro brasileiro e internacional.
No CPL 3, juntei os dois temas anteriores, mas com convidados especialistas em cada área, um analista do mercado financeiro e um especialista em agronegócio.
(Curiosidade: fiz o trabalho de captação do vídeo deste especialista no agro, gravando no meu "Paranazão" e enviando para os editores em São Paulo). Fiz o melhor que podia com o que tinha em mãos.
E no vídeo oficial de vendas (VSL), apresentei a solução que a audiência já queria, por isso busquei abrir o vídeo com uma frase de impacto, mostrando a dimensão da oportunidade em investir no agro – a locomotiva do PIB brasileiro.
Fugindo do mundo de marketing e negócios...
Quero trazer um outro fato: o lançamento do single e do clipe "Navegar", da minha banda autoral da época, a Full Grey.
Essa música quase não saiu para as ruas, mesmo com ela já mixada e masterizada no estúdio do Marcão Britto (guitarrista do Charlie Brown Jr.)
A versão final deste single não era um consenso entre todos os membros da banda. Até hoje não é. Eu mesmo mudaria a linha de baixo, mas as coisas são como elas são.
Naquele dia e horário que resolvi gravar o baixo, a linha saiu como saiu.
Lembro que após muitos áudios no grupo do Wh@tsApp resolvemos lançar, marcamos uma data e seguimos em diante.
Podia não estar perfeita, mas já estava feita e ela gritava por vida, por liberdade.
Até hoje quando ouço a música relembro do processo de gravação com muito carinho. E o principal, lembro de um pequeno público pedindo a música nos shows.
Foram pequenos e imperfeitos passos que me levaram para um outro jogo, para um outro nível de vida, um nível que nunca sonhei alcançar.
Eu era apenas um "piá" do interior do Paraná, sem amigos influentes e sem dinheiro no banco para falar por mim.
Segundo Winston Churchill, a outra maneira de soletrar "perfeccionismo" é: "P-A-R-A-L-I-S-I-A"
É bom ter padrões elevados, mas todas as virtudes tornam-se vícios se forem levadas a sério demais. Cuidado.
Como um último exemplo, essa primeira edição da CopyLetter está longe de ser perfeita. Ela foi concebida em poucos dias e escrevi a grande parte do texto na madrugada anterior desta publicação.
Portanto, my friend, cuidado com a Síndrome do Perfeccionismo Tóxico.
Não espere estar preparado ou com as situações "perfeitas" para colocar um projeto no ar ou realizar um sonho pessoal.
Para fechar a edição #001, segue um texto do Ryan Holiday para você ler antes de morrer:
"How To Beat Perfectionism, Make Progress, and Find Happiness”
(Como vencer o perfeccionismo, progredir e encontrar a felicidade).
É isso.
Peace. ✌️
Fique de olho 👁
A edição #002 da CopyLetter vai sair na próxima quinta-feira, às 16h20.
Quero compartilhar com você alguns segredos de remuneração para copywriters freelancers ou donos de agências.
Por dentro da minha mente 🧠
📖 O que estou lendo: "E5 Method"(Todd Brown)
No livro o Todd Brown compartilha como esse “método incomum” pode trazer novos clientes e mais lucros nos próximos 60 dias.
A base dele vem do Mark Ford, como o próprio diz no livro, mas é interessante ver um ponto de vista diferente. Estou curtindo bastante. Recomendo.
🎧 O que estou ouvindo: Lovely Burden
Fui impactado por um ad desta banda de post-rock/grunge instrumental. E desde então, não tiro o som deles do ouvido, está sendo ótimo para escrever.
🤓 O que estou estudando: "Curso Dominando Obsidian"(Alan Nicolas)
Recentemente entrei para a Comunidade Lendária e estou focado na construção do meu segundo cérebro usando o Obsidian. Sei que pode parecer papo de maluco esse lance de "segundo cérebro", mas recomendo que você visite o perfil @oalannicolas no Instagram para saber como economizar tempo no processo de pesquisa, escrita e revisão de copy e outras cositas más.
📺 O que estou assistindo:
Após duas viagens seguidas nas últimas semanas, acredito que agora terei tempo para maratonar "Sopranos"(HBO), enquanto aprecio algumas taças de vinho com a minha Digníssima. 🍷
Indicações Sinceras ⭐️
1) Newsletter "Alquimia da Mente"
Henrique Carvalho – Viver de Blog, está no mercado digital desde 2009 e escreve sobre suas experiências ao redor de três temas: Maestria, Mentalidade e Marketing. Acompanhe.
Sempre aos domingos tem novas publicações. E o meu palpite é que a cada texto lido, você ficará com a sensação de "Poxa, eu queria ter escrito isso".
2) Advogado do Passageiro – Rodrigo Alvim
Com essa picaretegam problema da 1,2,3 Milhas, acredito que o trabalho do Rodrigo pode te ajudar a resolver ou evitar alguns perrengues. Há mais de 8 anos ele defende os direitos de passageiros e milheiros, com atuação 100% online. Viaje sem B.O.
3) Livro: Nômade Digital – um guia para você viver e trabalhar como e onde quiser (Matheus de Souza)
Este livro foi finalista do Prêmio Jabuti. O trabalho do Matheus foi impecável, podendo ser justa a alcunha de "Tim Ferriss brazuca". Hoje, ele não é mais nômade, mas reside em Paris e está prestes a lançar seu segundo livro sobre viagens. Siga o jovem no Instagram @matheusdesouzacom
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